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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Empresa

À conquista do nicho de mercado bio
Por Dr.ª Gillian Goddard
A agricultura biológica nas Caraíbas enfrenta vários desafios como a falta de apoio técnico, degradação do solo e roubo de produtos. Um pequeno negócio criado em Trinidad e Tobago fomenta a procura de frutos e hortícolas biológicos, ajudando os agricultores no acesso aos mercados e nos seus transportes.
Iniciei este projecto há 3 anos dada a frustração sentida ao ver os frutos e hortícolas, de baixa qualidade, de Trinidad e Tobago, produzidos à base de químicos. Quando me lembro desse tempo, vejo como era inexperiente. Na região havia apenas um agricultor biológico reconhecido e a sua produção era mínima. Eu não percebia nada sobre trâmites alfandegários, não tinha experiência na área dos transportes, nem sabia nada sobre certificados fitossanitários e autorizações de importação de produtos alimentares. Tinha pouco dinheiro para começar um negócio, fracos conhecimentos sobre vendas e nunca tinha feito um plano de comercialização.
Uma vez que comecei a comprar e vender produtos biológicos antes de ter instalações para me estabelecer, tive que usar as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) para garantir, previamente, a venda do produto. Não tinha refrigeração nem armazéns. A partir das primeiras semanas comecei a enviar emails descrevendo os produtos disponíveis e aceitando encomendas. Construí um Website, usando uma empresa de alojamento de sites de preço acessível e simples, actualizando-o regularmente. O acesso ao telemóvel, permitia-me contactar os clientes logo que tinha boas novas, enviando os produtos rapidamente.
Mercados e diversidade
Um dos aspectos mais gratificantes por ter criado esta actividade é trabalhar com os agricultores locais, apoiando-os na comercialização dos seus produtos. Anteriormente nenhum mercado vendia produtos biológicos. Os agricultores tinham que confiar dependendo de compradores, a quem vendiam directamente, nas suas explorações. Dado que a maioria das pessoas interessadas em alimentação biológica, vivem na capital, ou nas proximidades, e a agricultura faz-se no campo, o mau tempo, o trânsito ou períodos de férias, podiam ocasionar que, num determinado dia, houvesse poucos ou mesmo nenhum cliente. Outro problema é a diversidade dos produtos. Os agricultores de Trinidad e Tobago usam a monocultura por tradição e os grossistas estão habituados a comprar apenas um produto a cada produtor. Mesmo os pequenos agricultores faziam, só, monocultura. Para a agricultura biológica é altamente vantajoso fazer policultura reduzindo os riscos de perda da colheita devido a pragas ou 
doenças. A nossa empresa facilita a venda em pequenas quantidades de muitos e diferentes produtos, em vez da venda por grosso de um só. O agricultor típico, a quem compramos, vende cinco tipos de frutos e hortaliças, pelo menos. Vamos buscar os produtos a um dos nossos maiores fornecedores, e, duas manhãs por semana, bem cedo, dirigimo-nos a uma pequena cooperativa que dista 40 minutos do nosso estabelecimento com os produtos desse fornecedor. O facto de comprar os seus produtos tornou possível que esse agricultor continuasse em funções, uma vez que somos o seu maior cliente.
Um caminho solitário
A agricultura biológica de Trinidad e Tobago defronta-se com muitos obstáculos. Tem pouco ou nenhum apoio técnico institucional ou financeiro; não há investigação agronómica nem estão disponíveis recursos para esta actividade. Não há nenhuma associação biológica nacional que apoie os agricultores. Portanto, no que toca à especialização, orientação profissional e financiamento, não existe qualquer assistência à agricultura biológica. No que respeita a factores de produção biológicos, as sementes não estão disponíveis a nível local, os biofertilizantes e pesticidas orgânicos quase não existem. Todos os agricultores em Trinidad e Tobago estão sujeitos à degradação do solo, tal como acontece em todo o mundo mas, como é lógico, os agricultores que praticam a agricultura biológica que depende, essencialmente, dos nutrientes do solo, estão muito vulneráveis. No ano passado houve inundações sem precedentes, por isso a destruição do solo arável foi mais intensa do que em anos anteriores.
Um dos principais motivos que levam os agricultores a abandonar o sector agrícola é o grande número de roubos. Gado, fruta, hortícolas e até ervas aromáticas, especiarias e plantas medicinais são roubados frequentemente. Existe, também, uma enorme falta de mão-de-obra no sector e uma atitude adversa associada ao trabalho na agricultura. Mesmo com o aumento da mecanização não houve mudança de atitude. A maioria dos agricultores recorre a trabalhadores sazonais não havendo grandes oportunidades de lhes dar formação sobre agricultura biológica. Todos os agricultores a quem compramos produtos têm sido afectados por estes problemas.
Sinto-me privilegiada por ter contribuído com algo que modificou muito a vida das pessoas em Trinidad e Tobago. A agricultura biológica é, agora, uma realidade, sendo claro que já existe uma população, em crescimento, que só se satisfará com alimentos de alta qualidade.

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