À conquista do nicho de mercado bio
Por Dr.ª Gillian Goddard
A agricultura biológica nas Caraíbas enfrenta vários desafios como a falta de apoio técnico, degradação do solo e roubo de produtos. Um pequeno negócio criado em Trinidad e Tobago fomenta a procura de frutos e hortícolas biológicos, ajudando os agricultores no acesso aos mercados e nos seus transportes.
Iniciei este projecto há 3 anos dada a frustração sentida ao ver os frutos e hortícolas, de baixa qualidade, de Trinidad e Tobago, produzidos à base de químicos. Quando me lembro desse tempo, vejo como era inexperiente. Na região havia apenas um agricultor biológico reconhecido e a sua produção era mínima. Eu não percebia nada sobre trâmites alfandegários, não tinha experiência na área dos transportes, nem sabia nada sobre certificados fitossanitários e autorizações de importação de produtos alimentares. Tinha pouco dinheiro para começar um negócio, fracos conhecimentos sobre vendas e nunca tinha feito um plano de comercialização.
Uma vez que comecei a comprar e vender produtos biológicos antes de ter instalações para me estabelecer, tive que usar as TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) para garantir, previamente, a venda do produto. Não tinha refrigeração nem armazéns. A partir das primeiras semanas comecei a enviar emails descrevendo os produtos disponíveis e aceitando encomendas. Construí um Website, usando uma empresa de alojamento de sites de preço acessível e simples, actualizando-o regularmente. O acesso ao telemóvel, permitia-me contactar os clientes logo que tinha boas novas, enviando os produtos rapidamente.
Mercados e diversidade
Um dos aspectos mais gratificantes por ter criado esta actividade é trabalhar com os agricultores locais, apoiando-os na comercialização dos seus produtos. Anteriormente nenhum mercado vendia produtos biológicos. Os agricultores tinham que confiar dependendo de compradores, a quem vendiam directamente, nas suas explorações. Dado que a maioria das pessoas interessadas em alimentação biológica, vivem na capital, ou nas proximidades, e a agricultura faz-se no campo, o mau tempo, o trânsito ou períodos de férias, podiam ocasionar que, num determinado dia, houvesse poucos ou mesmo nenhum cliente. Outro problema é a diversidade dos produtos. Os agricultores de Trinidad e Tobago usam a monocultura por tradição e os grossistas estão habituados a comprar apenas um produto a cada produtor. Mesmo os pequenos agricultores faziam, só, monocultura. Para a agricultura biológica é altamente vantajoso fazer policultura reduzindo os riscos de perda da colheita devido a pragas ou
doenças. A nossa empresa facilita a venda em pequenas quantidades de muitos e diferentes produtos, em vez da venda por grosso de um só. O agricultor típico, a quem compramos, vende cinco tipos de frutos e hortaliças, pelo menos. Vamos buscar os produtos a um dos nossos maiores fornecedores, e, duas manhãs por semana, bem cedo, dirigimo-nos a uma pequena cooperativa que dista 40 minutos do nosso estabelecimento com os produtos desse fornecedor. O facto de comprar os seus produtos tornou possível que esse agricultor continuasse em funções, uma vez que somos o seu maior cliente.
Um caminho solitário
A agricultura biológica de Trinidad e Tobago defronta-se com muitos obstáculos. Tem pouco ou nenhum apoio técnico institucional ou financeiro; não há investigação agronómica nem estão disponíveis recursos para esta actividade. Não há nenhuma associação biológica nacional que apoie os agricultores. Portanto, no que toca à especialização, orientação profissional e financiamento, não existe qualquer assistência à agricultura biológica. No que respeita a factores de produção biológicos, as sementes não estão disponíveis a nível local, os biofertilizantes e pesticidas orgânicos quase não existem. Todos os agricultores em Trinidad e Tobago estão sujeitos à degradação do solo, tal como acontece em todo o mundo mas, como é lógico, os agricultores que praticam a agricultura biológica que depende, essencialmente, dos nutrientes do solo, estão muito vulneráveis. No ano passado houve inundações sem precedentes, por isso a destruição do solo arável foi mais intensa do que em anos anteriores.
Um dos principais motivos que levam os agricultores a abandonar o sector agrícola é o grande número de roubos. Gado, fruta, hortícolas e até ervas aromáticas, especiarias e plantas medicinais são roubados frequentemente. Existe, também, uma enorme falta de mão-de-obra no sector e uma atitude adversa associada ao trabalho na agricultura. Mesmo com o aumento da mecanização não houve mudança de atitude. A maioria dos agricultores recorre a trabalhadores sazonais não havendo grandes oportunidades de lhes dar formação sobre agricultura biológica. Todos os agricultores a quem compramos produtos têm sido afectados por estes problemas.
Sinto-me privilegiada por ter contribuído com algo que modificou muito a vida das pessoas em Trinidad e Tobago. A agricultura biológica é, agora, uma realidade, sendo claro que já existe uma população, em crescimento, que só se satisfará com alimentos de alta qualidade.
Dermatologista Drª. Manuela Tagliari atende em Santiago dia 12
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*A Médica Drª. Manuela Tagliari (CRM: 46.043) atende na Clínica Life, em
Santiago*. Graduada em Medicina pela USFM e atualmente em Residência Médica
em ...
Há 4 horas
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