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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Desenvolvimento rural

O sucesso da utilização integrada dos média
Por Albertina Lobo de plantar!
As campanhas de comunicação multimédia estão entre os processos mais eficazes para informar e formar os camponeses e difundir tecnologias apropriadas. Pioneira destas campanhas em Moçambique, Albertina Lobo dá-nos conta desta aventura.
Tudo começou em 1997 quando a Direcção Nacional de Desenvolvimento Rural (DNER) descobriu as possibilidades da comunicação multimédia para fazer passar as suas mensagens. Dezasseis técnicos, responsáveis pelos sectores de comunicação das direcções nacional e provinciais dos serviços de agricultura, receberam formação. O sucesso foi imediato, porque eles encontraram respostas para as questões que enfrentavam no quotidiano. Depois o processo não parou de crescer.
A formação foi centrada sobre as diferentes técnicas de comunicação utilizáveis no meio rural para transmitir informações aos camponeses, servindo-se em simultâneo de diferentes média (rádio, televisão, teatro, cartazes, brochuras, reuniões, etc.). Do programa constaram: técnicas de comunicação oral, escrita e audiovisual, a escolha dos média em função da vulgarização desejada, a elaboração de planos de comunicação, a produção de suportes escritos, a realização de programas de rádio e televisão, e as TIC. A formação incluía trabalhos práticos no terreno em diversas províncias do país, em colaboração com entidades locais.
Começar pelas necessidades
Uma vez formados, estes primeiros técnicos foram encarregados de fazer o inventário das necessidades das populações e dos recursos de cada província, o que serviu para a elaboração dos primeiros programas de comunicação multimédia. Este trabalho prévio permitiu à DNER lançar, em 1999, as Campanhas de Comunicação Multimédia em todo o país, abordando algumas das questões mais importantes para os camponeses: os problemas do póst-colheita, as queimadas incontroladas, o míldio do cajueiro, a difusão da batata doce de cor laranja, a doença de Newcastle, os currais melhorados, a erosão e ainda a piscicultura.
Para o êxito da inserção local deve ser assinalada a preciosa colaboração de vários serviços administrativos regionais, que compreenderam a importância destas campanhas para o bem estar das populações. Por outro lado, escolas (professores e alunos), ONGs, "leaders" locais, rádios e publicações, integraram-se no processo. Foram publicadas localmente diversas brochuras. A nível central, a iniciativa suscitou igualmente o empenhamento doutras estruturas como o Instituto da Comunicação Social de Moçambique e sobretudo a colaboração entre o sector de comunicação do DNER e a Televisão Nacional de Moçambique (TVM) na produção regular de programas agrícolas.
O objectivo era provocar mudanças no comportamento dos camponeses que se traduzissem na melhoria do seu nível de vida e em maior riqueza para o país.
Resultados muito concretos
Por vezes um simples esforço de organização pode fazer muito. Citemos alguns exemplos. Com o concurso de ONGs e de outras organizações, conseguiram-se meios para construir secadores e celeiros, melhorar a luta contra as pragas dos produtos armazenados e encorajar algumas acções de comercialização. O controlo das queimadas inscreve-se numa acção a longo prazo, sendo o objectivo, de momento, provocar algumas mudanças no comportamento dos camponeses. Na luta contra o míldio do cajueiro, para além dos progressos visíveis no tratamento da doença e dos melhoramentos da cultura, estas campanhas ajudam indirectamente as mulheres, responsáveis pela maior parte da produção. Alguns resultados foram também alcançados na difusão da piscicultura mesmo em zonas muito longínquas como em Sofala, onde as primeiras mensagens chegaram pela rádio.
Em todos os distritos existem diversas rádios locais: antenas da Rádio de Moçambique (RM), rádios associativas, comunitárias ou ligadas ao Instituto da Comunicação Social. Elas associaram-se às campanhas de comunicação multimédia. Escutar a rádio é um hábito seja em família, seja em sessões organizadas.
Para terminar, uma palavra sobre o futuro. Até ao momento, os camponeses validaram esta iniciativa com a sua forte adesão. Se o processo dura há quase dez anos é porque se mantém fiel ao seu objectivo inicial. A utilização simultânea e integrada de diversos média fez a prova da sua eficácia na transmissão de conhecimentos. Este comboio não vai parar. Mas ainda há muito a fazer?

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